quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Erros no Missal Romano Brasileiro


O português utilizado mutila vários pontos, tirando aquele aspecto de sacralidade que deve prevalecer nos textos litúrgicos. Em outros casos, se trata de mudança de sentido e de frases, pura e simplesmente.
D. Clemente Isnard, OSB, já confessou sua culpa nisso tudo, mas, ao contrário do que pode parecer, não foi se arrependendo, e sim se vangloriando de tal “feito”.
Além dos já conhecidos casos em que, misteriosamente, um “Et cum spiritu tuo” vira “Ele está no meio de nós”,  existem outros flagrantes da falta de cuidado com o texto sagrado, conforme relatamos abaixo. Esperemos que, desta vez, a CNBB nos surpreenda positivamente, e dê uma decente tradução do Missal Romano para o Brasil.
Outras conferências episcopais já lançaram suas novas traduções, e foram tidas como excelentes pela Santa Sé.
Quando teremos a nossa e BEM feita?
Vejam como está o texto da atual tradução, em comparação com a tradução que deveria ser:
Traducao Pg 1 Traducao Pg 2 Traducao Pg 3 Traducao Pg 4 Traducao Pg 5 
(retirado de salvem a liturgia)

sábado, 18 de janeiro de 2014

O CULTO EUCARÍSTICO ( BULA MEDIATOR DEI, do Papa Pio XII 59-82)






I. Natureza do sacrifício eucarístico

59. O mistério da santíssima eucaristia, instituída pelo sumo sacerdote Jesus Cristo e, por vontade sua, perpetuamente renovada pelos seus ministros, é como a súmula e o centro da religião cristã. Em se tratando do ápice da sagrada liturgia, julgamos oportuno, veneráveis irmãos, deter-nos um pouco, chamando a vossa atenção para esta importantíssima temática.

60. O Cristo Senhor, "sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedeque" (56) "tendo amado os seus que estavam no mundo",(57) "na última ceia, na noite em que foi traído, para deixar à Igreja, sua esposa dileta, um sacrifício visível, como exige a natureza dos homens, o qual representasse o sacrifício cruento que devia cumprir-se na cruz uma só vez, e para que a sua lembrança permanecesse até o fim dos séculos e nos fosse aplicada sua salutar virtude em remissão dos nossos pecados cotidianos... ofereceu a Deus Pai o seu corpo e o seu sangue sob as espécies de pão e de vinho e deu-os aos apóstolos então constituídos sacerdotes do Novo Testamento, para que sob essas mesmas espécies o recebessem, e ordenou a eles e aos seus sucessores no sacerdócio, que o oferecessem".(58)

61. O augusto sacrifício do altar não é, pois, uma pura e simples comemoração da paixão e morte de Jesus Cristo, mas é um verdadeiro e próprio sacrifício, no qual, imolando-se incruentamente, o sumo Sacerdote faz aquilo que fez uma vez sobre a cruz, oferecendo-se todo ao Pai, vítima agradabilíssima. "Uma... e idêntica é a vítima: aquele mesmo, que agora oferece pelo ministério dos sacerdotes, se ofereceu então sobre a cruz; é diferente apenas, o modo de fazer a oferta".(59)

62. Idêntico, pois, é o sacerdote, Jesus Cristo, cuja sagrada pessoa é representada pelo seu ministro. Este, pela consagração sacerdotal recebida, assemelha-se ao sumo Sacerdote e tem o poder de agir em virtude e na pessoa do próprio Cristo;(60) por isso, com sua ação sacerdotal, de certo modo, "empresta a Cristo a sua língua, e lhe oferece a sua mão".(61)
63. Também idêntica é a vítima, isto é, o divino Redentor, segundo a sua humana natureza e na realidade do seu corpo e do seu sangue. Diferente, porém, é o modo pelo qual Cristo é oferecido. Na cruz, com efeito, ele se ofereceu todo a Deus com os seus sofrimentos, e a imolação da vítima foi realizada por meio de morte cruenta livremente sofrida; no altar, ao invés, por causa do estado glorioso de sua natureza humana, "a morte não tem mais domínio sobre ele"(62) e, por conseguinte, não é possível a efusão do sangue; mas a divina sabedoria encontrou o modo admirável de tornar manifesto o sacrifício de nosso Redentor com sinais exteriores que são símbolos de morte. Já que, por meio da transubstanciação do pão no corpo e do vinho no sangue de Cristo, têm-se realmente presentes o seu corpo e o seu sangue; as espécies eucarísticas, sob as quais está presente, simbolizam a cruenta separação do corpo e do sangue. Assim o memorial da sua morte real sobre o Calvário repete-se sempre no sacrifício do altar, porque, por meio de símbolos distintos, se significa e demonstra que Jesus Cristo se encontra em estado de vítima.

64. Idênticos, finalmente, são os fins, dos quais o primeiro é a glorificação de Deus. Do nascimento à morte, Jesus Cristo foi abrasado pelo zelo da glória divina e, da cruz, a oferenda do sangue chegou ao céu em odor de suavidade. E porque este cântico não havia de cessar, no sacrifício eucarístico os membros se unem à Cabeça divina e com ela, com os anjos e os arcanjos, cantam a Deus louvores perenes, (63) dando ao Pai onipotente toda honra e glória.(64)

65. O segundo fim é a ação de graças a Deus. O divino Redentor somente, como Filho de predileção do Eterno Pai de quem conhecia o imenso amor, pôde entoar-lhe um digno cântico de ação de graças. A isso visou e isso desejou "rendendo graças"(65) na última ceia, e não cessou de fazê-lo na cruz, não cessa de realizá-lo no augusto sacrifício do altar, cujo significado é justamente a ação de graças ou eucaristia; e porque isso é "verdadeiramente digno e justo e salutar".(66)


66. O terceiro fim é a expiação e a propiciação. Certamente ninguém, fora Cristo, podia dar a Deus onipotente satisfação adequada pelas culpas do gênero humano; ele, pois, quis imolar-se na cruz, "propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas ainda pelos de todo o mundo".(67) Nos altares se oferece igualmente cada dia pela nossa redenção, afim de que, libertados da eterna condenação, sejamos acolhidos no rebanho dos eleitos. E isso não somente por nós que estamos nesta vida mortal, mas ainda "por todos aqueles que repousam em Cristo, os quais nos precederam com o sinal da fé, e dormem o sono da paz",(68) pois, quer vivamos, quer morramos, "não nos separamos do único Cristo".(69)

67. O quarto fim é a impetração. Filho pródigo, o homem malbaratou e dissipou todos os bens recebidos do Pai celeste, por isso está reduzido à suprema miséria e inanição; da cruz, porém, Cristo, "tendo em alta voz e com lágrimas oferecido orações e súplicas... foi ouvido pela sua piedade",(70) e nos sagrados altares exercita a mesma mediação eficaz; a fim de que sejamos cumulados de toda bênção e graça.

68. Compreende-se, portanto, facilmente, porque o sacrossanto concílio de Trento afirma que com o sacrifício eucarístico nos é aplicada a salutar virtude da cruz para a remissão dos nossos pecados cotidianos.(71)

69. Também o apóstolo das gentes, proclamando a superabundante plenitude e perfeição do sacrifício da cruz, declarou que Cristo com uma só oblação, tornou perfeitos para sempre os santificados.(72) Os infinitos e imensos méritos desse sacrifício, com efeito, não têm limites: estendem-se à universalidade dos homens de todo lugar e de todo tempo, porque, nele, o sacerdote e a vítima é Deus Homem; porque a sua imolação como a sua obediência à vontade do Eterno Pai foi perfeitíssima, e porque foi como Cabeça do gênero humano, que ele quis morrer. "Considera como foi tratado o nosso resgate: Cristo pende do madeiro; vê a que preço comprou; ...derramou o seu sangue, comprou com o seu sangue, com o sangue do Cordeiro imaculado, com o sangue do unigênito Filho de Deus... Quem compra é Cristo, o preço é o sangue, a aquisição é todo o mundo".(73)

70. Esse resgate, porém, não teve logo o seu pleno efeito: é necessário que, depois de haver resgatado o mundo com o elevadíssimo preço de si mesmo, Cristo entre na real e efetiva posse das almas. Conseqüentemente, a fim de que, com o beneplácito de Deus, se cumpra para todos os indivíduos e para todas as gerações até o fim dos séculos, a sua redenção e salvação, é absolutamente necessário que cada um tenha vital contato com o sacrifício da cruz, e assim os méritos que dele derivam lhe sejam transmitidos e aplicados. Pode-se dizer que Cristo construiu no Calvário uma piscina de purificação e de salvação e a encheu com o sangue por ele derramado; mas se os homens não mergulham nas suas ondas e aí não lavam as manchas de sua iniqüidade, não podem certamente ser purificados e salvos.

71. A fim de que, pois, os pecadores individualmente se purifiquem no sangue do Cordeiro, é necessária a colaboração dos fiéis. Se bem que, falando em geral, Cristo haja reconciliado com o Pai por meio da sua morte cruenta todo o gênero humano, quis todavia que todos se aproximassem e fossem conduzidos à cruz por meio dos sacramentos e do sacrifício da eucaristia, para poderem conseguir os frutos salutares por ele granjeados na cruz. Com esta atual e pessoal participação assim como os membros se configuram cada dia mais à sua Cabeça divina, assim também a salvação que vem da Cabeça flui para os membros, de modo que cada um de nós pode repetir as palavras de são Paulo: "Estou crucificado com Cristo na cruz, e vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim".(74) Como realmente, em outra ocasião, de propósito e concisamente dissemos, Jesus Cristo enquanto morria na cruz, deu à sua Igreja, sem nenhuma cooperação da parte dela, o imenso tesouro da Redenção; quando, ao invés, se trata de distribuir tal tesouro, não só participa com sua esposa incontaminada desta obra de santificação, mas deseja que tal atividade jorre, de certo modo, por ação dela.(75)

72. O augusto sacrifício do altar é insigne instrumento para aos crentes distribuir os méritos derivados da cruz do divino Redentor: "toda vez que se oferece este sacrifício, cumpre-se a obra da nossa redenção".(76) Isso, porém, longe de diminuir a dignidade do sacrifício cruento, dele faz ressaltar a grandeza, como afirma o concílio de Trento,"(77) e lhe proclama a necessidade. Renovado cada dia, admoesta-nos que não há salvação fora da cruz de nosso Senhor Jesus Cristo;(78) que Deus quer a continuação deste sacrifício "do surgir ao pôr-do-sol", (79) para que não cesse jamais o hino de glorificação e de ação de graças que os homens devem ao Criador, visto que têm necessidade de seu contínuo auxílio e do sangue do Redentor para redimir os pecados que ofendem a sua justiça.

II. Participação dos fiéis no sacrifício eucarístico 

73. É necessário, pois, veneráveis irmãos, que todos os fiéis tenham por seu principal dever e suma dignidade participar do santo sacrifício eucarístico, não com assistência passiva, negligente e distraída, mas com tal empenho e fervor que os ponha em contato íntimo com o sumo sacerdote, como diz o Apóstolo: "Tende em vós os mesmos sentimentos que Jesus Cristo experimentou",(80) oferecendo com ele e por ele, santificando-se com ele. 



74. É bem verdade que Jesus Cristo é sacerdote, mas não para si mesmo, e sim para nós, apresentando ao Eterno Pai os votos e sentimentos religiosos de todo o gênero humano; Jesus é vítima, mas por nós, substituindo-se ao homem pecador; ora, o dito do Apóstolo: "Alimentai em vós os mesmos sentimentos que existiram em Jesus Cristo" exige de todos os cristãos que reproduzam em si, enquanto está em poder do homem, o mesmo estado de alma que tinha o divino Redentor quando fazia o sacrifício de si mesmo, a humilde submissão do espírito, isto é, a adoração, a honra, o louvor e a ação de graças à majestade suprema de Deus; requer, além disso, que reproduzam em si mesmos as condições da vítima: a abnegação de si conforme os preceitos do evangelho, o voluntário e espontâneo exercício da penitência, a dor e a expiação dos próprios pecados. Exige, em uma palavra, a nossa morte mística na cruz com Cristo, de modo que possamos dizer com Paulo: "Estou crucificado com Cristo na cruz".(81)

75. É necessário, veneráveis irmãos, explicar claramente a vosso rebanho como o fato de os fiéis tomarem parte no sacrifício eucarístico não significa todavia que eles gozem de poderes sacerdotais. Há, de fato, em nossos dias, alguns que, avizinhando-se de erros já condenados,(82) ensinam que em o Novo Testamento se conhece apenas um sacerdócio pertencente a todos os batizados, e que o preceito dado por Jesus aos apóstolos na última ceia – fazer o que ele havia feito – se refere diretamente a toda a Igreja dos cristãos e só depois é que foi introduzido o sacerdócio hierárquico. Sustentam, por isso, que só o povo goza de verdadeiro poder sacerdotal, enquanto o sacerdote age unicamente por ofício a ele confiado pela comunidade. Afirmam, em conseqüência, que o sacrifício eucarístico é uma verdadeira e própria "concelebração", e que é melhor que os sacerdotes "concelebrem" junto com o povo presente, do que, na ausência destes, ofereçam privadamente o sacrifício.

76. É inútil explicar quanto esses capciosos erros estejam em contraste com as verdades acima demonstradas, quando falamos do lugar que compete ao sacerdote no corpo místico de Jesus. Recordemos apenas que o sacerdote faz as vezes do povo porque representa a pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo enquanto é Cabeça de todos os membros e se oferece a si mesmo por eles: por isso vai ao altar como ministro de Cristo, inferior a ele, mas superior ao povo.(83) O povo, ao invés, não representando por nenhum motivo a pessoa do divino Redentor, nem sendo mediador entre si próprio e Deus, não pode de nenhum modo gozar dos poderes sacerdotais.

1. Os fiéis oferecem junto com o sacerdote

77. Tudo isso consta da fé verdadeira; mas deve-se, além disso, afirmar que também os fiéis oferecem a vítima divina, sob um aspecto diverso.

Já o declararam abertamente alguns dos nossos predecessores e doutores da Igreja. "Não somente – assim afirmava Inocêncio III, de imortal memória – oferecem os sacerdotes, mas ainda todos os fiéis; pois isto que em particular se cumpre pelo ministério dos sacerdotes, cumpre-se universalmente por voto dos fiéis".(84) E apraz-nos citar ao menos um dos muitos textos de são Roberto Belarmino a esse propósito: "O sacrifício – diz ele – é oferecido principalmente na pessoa de Cristo. Por isso a oblação que segue à consagração atesta que toda a Igreja consente na oblação feita por Cristo e oferece juntamente com ele".(85)

78. Com clareza não menor, os ritos e as orações do sacrifício eucarístico significam e demonstram que a oblação da vítima é feita pelos sacerdotes em união com o povo. De fato, não somente o sagrado ministro, depois da oferta do pão e do vinho, voltado para o povo diz explicitamente: "Orai, irmãos, para que o meu e o vosso sacrifício sejam aceitos junto a Deus-Pai onipotente",(86) mas ainda as orações com as quais é oferecida a vítima divina são, além do mais, ditas no plural, e nelas se indica que também o povo toma parte como ofertante neste augusto sacrifício. Diz-se, por exemplo: "Pelos quais nós te oferecemos, e que te oferecem ainda eles... Por isso te suplicamos, ó Senhor, aceitar aplacado esta oferta dos teus servos e de toda a tua família... Nós, teus servos, como ainda o teu povo santo, oferecemos à tua excelsa majestade os dons e dádivas que tu mesmo nos deste, a hóstia pura, a hóstia santa, a hóstia imaculada".(87)

79. Nem é de admirar que os fiéis sejam elevados a uma tal dignidade. Com a água do batismo, com efeito, os cristãos se tornam, a título comum, membros do corpo místico de Cristo sacerdote, e, por meio do "caráter" que se imprime nas suas almas, são delegados ao culto divino, participando, assim, de modo condizente ao próprio estado, do sacerdócio de Cristo.

80. Na Igreja católica, a razão humana iluminada pela fé sempre se esforçou por ter a maior consciência possível das coisas divinas; por isso é natural que também o povo cristão pergunte piamente em que sentido se diz no Cânon do sacrifício eucarístico que também ele o oferece. Para satisfazer esse piedoso desejo apraz-nos tratar aqui do assunto com clareza e concisão.

81. Há, acima de tudo, razões muito remotas: freqüentemente acontece que os fiéis, assistindo aos sagrados ritos, unam alternadamente as suas orações às orações do sacerdote; alguma vez; ainda, acontece – isto antigamente se verificava com maior freqüência – que ofereçam ao ministro do altar o pão e o vinho para que se tornem corpo e sangue de Cristo; e, enfim, porque, com as esmolas, fazem com que o sacerdote ofereça por eles a vítima divina. 

82. Mas há ainda uma razão mais profunda para que se possa dizer que todos os cristãos e especialmente aqueles que assistem ao altar realizem a oferta.

83. Para não dar ensejo a erros perigosos neste importantíssimo argumento, é necessário precisar com exatidão o significado do termo "oferta". A imolação incruenta por meio da qual, depois que foram pronunciadas as palavras da consagração, Cristo está presente no altar no estado de vítima, é realizada só pelo sacerdote enquanto representa a pessoa de Cristo e não enquanto representa a pessoa dos fiéis. Colocando, porém, no altar a vítima divina, o sacerdote a apresenta a Deus Pai como oblação à glória da SS. Trindade e para o bem de todas as almas. Dessa oblação propriamente dita os fiéis participam do modo que lhes é possível e por um duplo motivo: porque oferecem o sacrifício não somente pelas mãos do sacerdote, mas, de certo modo ainda, junto com ele; e ainda porque com essa participação também a oferta feita pelo povo pertence ao culto litúrgico. Que os fiéis oferecem o sacrifício por meio do sacerdote, é claro, pois o ministro do altar age na pessoa de Cristo enquanto Cabeça, que oferece em nome de todos os membros; pelo que, em bom direito, se diz que toda a Igreja, por meio de Cristo, realiza a oblação da vítima. Quando, pois, se diz que o povo oferece juntamente com o sacerdote, não se afirma que os membros da Igreja de maneira idêntica à do próprio sacerdote realizam o rito litúrgico visível – o que pertence somente ao ministro de Deus para isso designado – mas sim que une os seus votos de louvor, de impetração, de expiação e a sua ação de graças à intenção do sacerdote, aliás do próprio sumo pontífice, a fim de que sejam apresentados a Deus Pai na própria oblação da vítima, embora com o rito externo do sacerdote. É necessário, com efeito, que o rito externo do sacrifício manifeste, por sua natureza, o culto interno; ora, o sacrifício da nova Lei significa aquele obséquio supremo com o qual o próprio principal ofertante, que é Cristo, e com ele e por ele todos os seus membros místicos, honram devidamente a Deus.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Paramentos Azuis ( O Azul na Liturgia)



Uso: A cor azul não é uma cor litúrgica própria do Rito Romano. Contudo, em 1864 o Papa Pio IX concedeu à Espanha o privilégio de usar paramentos azuis na Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria, devido à contribuição desse país na definição do dogma. Este privilégio é aplicável não só à Espanha, mas também a todos os países que foram colônias espanholas. Posteriormente, tal privilégio foi concedido também à Áustria, aos carmelitas e a alguns santuários marianos, sendo também estendido para todas as festas marianas. Cumpre notar que o Brasil não possui este privilégio. Para adquiri-lo, é necessário que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) faça um pedido formal à Santa Sé e receba resposta favorável. Nem a CNBB, nem um bispo e muito menos um sacerdote têm autoridade para alterar as cores litúrgicas. Em suma, a menos que a Santa Sé autorize, usar paramentos azuis no Brasil constitui abuso litúrgico. Não obstante, nada impede que nas festas marianas se use um paramento branco com detalhes azuis, desde que o branco predomine. Seguem algumas fotos do uso da cor azul (onde é permitida) e do uso de pa ramentos brancos com detalhes azuis:

                                   Dom Rifan com casula branca com galão azul 

                               DE UMA ENTREVISTA AO CERIMONIÁRIO DO PAPA:
 Mons. Marini explicou que, não existindo documentos recentes sobre o privilégio do azul às situações e locais conhecidos (Espanha, Portugal, Instituto Cristo Rei, entre outros), deve ser observado o direito consuetudinário, ou seja, a continuidade da lei segundo os usos e costumes pautados na legislação mais recente. Em poucas palavras: o azul continua configurando-se um privilégio papal. Notemos que nem mesmo no Vaticano ele é usado. Sob a guia de Mons. Guido Marini, o azul já esteve no galão da casula gótica que Bento XVI usou na Solenidade de Maria, Mãe de Deus em 1º de janeiro de 2010. Contudo, em 08 de setembro de 2007, Bento XVI usou uma casula com cor (entre outras cores) azul no Santuário mariano de Mariazell, mas não sabemos se (unicamente) a cor azul é um privilégio ao Santuário, por ser dedicado à Virgem Maria.
Por fim, é nisto que ainda mais acreditamos neste Direto da Sacristia: o azul nos paramentos litúrgicos ainda é um privilégio papal. Com a confirmação dada por Mons. Guido Marini, o contrário só será considerado mediante uma alteração pelo Papa nas rubricas litúrgicas.

É permitido aos fiéis abrir os braços ao rezar o Pai nosso durante a Missa?




Antes dos braços erguidos, é bom lembrar que:

                            AGORA VAMOS A DÚVIDA DOS BRAÇOS ABERTOS:
Eis uma dúvida que surge a muitos. Vamos esclarecê-la a partir do pedido que nos fez por e-mail em março passado o nosso leitor Luiz Rocha, de Campo Grande (MS). De fato, não poucas vezes vemos em missas o convite ou feito pelo Celebrante ou pelo grupo de cantores para todos, ou se darem as mãos uns dos outros ou, “somente”, abrir os braços para juntos rezarem o Pater noster. Infelizmente, em muitas paróquias não é aplicada rigorosamente a rubrica do Missal sobre o gesto que acompanha a recitação da Oração dominical e quem o executa. E, diante de tal costume tão solidificado, é talvez um pouco difícil mudá-lo de uma hora para outra; mas nada mais eficaz do que uma clara catequese que certamente será compreendida por quem quer se corrigir – aquém de seus próprios gostos, e obedecida por todos quantos são obedientes.
É de se reconhecer que é pouco clara e passível de ambiguidade a rubrica do livro típico para a pesquisa sobre esta dúvida. Contudo, à luz de rubricas sobre o mesmo assunto presentes outros livros litúrgicos e na leitura de esclarecimentos de manuais oficiais de Liturgia, a até então obscura rubrica do Rito da Comunhão no Missal Romano é capaz de por, uma vez por todas, termo à pergunta:
É permitido aos fiéis abrir os braços enquanto rezam o Pai nosso durante a Missa?
Sim, estamos falando em permissão. Ainda nos perguntamos se não seria mais viável usar “certo” ao invés de “permitido”. Mas, como sabemos que as rubricas são leis promulgadas pela autoridade pontifícia, à qual está sujeita tanto a hierarquia eclesiástica como os fiéis leigos, falamos em “permissão”; pois, mesmo que todos sejam livres para rezarem segundo as suas disposições e sua sensibilidade, durante as celebrações litúrgicas, as leis ordenam a forma e o comportamento a serem observados por quem preside e por quem assiste (e para desfazer qualquer crítica dos ferrenhos defensores do termo “participar liturgicamente”, citamos as 2ª e 3ª definições do verbo assistir do Priberam: “estar presente para auxiliar ou acompanhar; cooperar, auxiliar”. Bom, quem coopera em algo, não permanece inerte. Certo?). Mas, como o termo “participar” está presente por 3 vezes na Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, não omitiremos o seu real significado que não exclui o termo “assistir”.



Dom Antônio Carlos Rossi Keller, Bispo de Frederico Westphalen,
abre os braços durante a celebração da Missa em sua Catedral.
Gesto puramente sacerdotal e do ministro ordenado que celebra 

 
1º MOTIVOReza a 2ª rubrica do Rito da Comunhão, logo após a monição ao Pater noster:
Extendit manus et, una cum populo, pergit:
Esta rubrica é uma continuação da anterior (onde pede que o sacerdote una as mãos para a monição), sobre o convite à oração; portanto, o “extendit” (estende/abre os braços) refere-se ao sacerdote. O “una cum populo, pergit” (com o povo, continua) não indica que o povo prossiga com o mesmo gesto (braços abertos) do sacerdote, mas que o sacerdote continue com o povo a oração à qual ele convidou com a monição anterior.
A rubrica sobre o mesmo gesto ao recitar o Pater noster é mais clara no Rito da Comunhão da Celebração da Paixão do Senhor:
“Sacerdos, extensis manibus, et omnes praesentes prosequuntur:
O “extensis manibus” é entre vírgulas para referir-se apenas ao termo precedente “sacerdos, enquanto que a oração é dita por todos.

Neste vídeo Vemos o Pai Nosso ser rezado e o povo permanece em posição normal, enquanto o celebrante ergue os braços: (MISSA CELEBRADA PELO CARDEAL DOM EUGENIO SALES, E CONCELEBRADA PELO FUTURO PAPA BENTO XVI)



2º MOTIVO: Há gestos que são exclusiva e ordinariamente sacerdotais e outros , mais estritamente, de quem celebra. O abrir os braços, ou unir as mãos, fazer em si o sinal-da-cruz às palavras “sejamos repletos de todas as graças e bênçãos do céu” do Cânon Romano etc. são próprios do ministro ordenado que preside ou que concelebra. Portanto, se um bispo ou um sacerdote estiver presente numa Missa, mas não presidir ou concelebrar, não abrirá os braços para recitar o Pater noster, nem executará os outros tantos gestos que os ministros que concelebram estiverem fazendo.
O abrir os braços não é um gesto inclusivo de todos que recitam a Oração dominical. O que inclui a todos é justamente todos recitarem as mesmas palavras da oração. O(s) sacerdote(s) que celebram estão como únicos mediadores entre a assembleia e Deus e, portanto, abrem os braços, como Moisés o fez quando intercedeu pelo povo e este ganhava a batalha de Refidim.
Nunca vimos alguém abrir os braços junto com o sacerdote quando este abre os seus à oração da Coleta! Ora, esta oração reúne todas as intenções que os fiéis têm consigo para a Santa Missa; todavia, ninguém nunca se sentiu excluído ou desprestigiado por não abrir seus braços como o faz o sacerdote (e somente este, e não também os concelebrantes, quando há).
É igualmente reprovável estender as mãos durante a doxologia que encerra a oração eucarística. Tal gesto pretende oferecer, junto com o sacerdote, o Senhor sacramentalmente presente nas Sagradas Espécies; isso só é feito pelo sacerdote, auxiliado por um diácono, quando houver, ou, em sua ausência, por um concelebrante, quando houver; senão, só o sacerdote executa o gesto de oferecer a Deus Pai a Vítima incruelmente imolada sobre o altar.
Portanto, dadas as circunstâncias de abrir os braços nas celebrações litúrgicas um gesto exclusivamente competente ao ministro ordenado que preside (e que concelebra), não convém que os fiéis acompanhem o mesmo gesto, mas que participem vocalmente da recitação da Oração do Senhor. Senão, fiéis e ordenados com os braços abertos ao mesmo tempo, dará impressão que todos são iguais hierarquicamente; o que é uma grande mentira.
Obs.: Também criou-se um costume “contrário”: obedecendo “demais” à regra de não pronunciar o “Amém” ao fim do “Pai nosso” na Missa e em outros ofícios litúrgicos, em função do embolismo que vem adiante “Livrai-nos de todo mal, ó Pai”, é difícil o ouvirmos em outras ocasiões, quando em sua recitação no Santo Rosário. Mas, sabemos que só não diremos “Amém” nas celebrações litúrgicas. Fora delas, o diremos.
Nesse vídeo da Missa na Solenidade de São Pedro e São Paulo em 1982, vemos que até mesmo Mons. John Magee, então mestre-de-cerimônias pontifício, não abre os braços para rezar, pois não está concelebrando a Missa:


(Fonte: site direto da sacristia)

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Comunhão na Boca e de Joelhos





 


A prática mais antiga de distribuir a Sagrada Comunhão foi , com toda a probabilidade , para dar a comunhão aos fiéis na palma da mão. A história da liturgia , no entanto , deixa claro que um pouco cedo sobre um processo ocorreu para mudar essa prática.

Desde o tempo dos Padres da Igreja , uma tendência nasceu e consolidou através do qual a distribuição da Sagrada Comunhão na mão tornou-se cada vez mais restrita em favor de distribuir a Sagrada Comunhão na língua. A motivação para esta prática é dupla: a) em primeiro lugar, a fim de evitar , tanto quanto possível , o lançamento de partículas eucarísticas ; b) segundo, a aumentar entre a devoção fiel a presença real de Cristo no sacramento da Eucaristia .

São Tomás de Aquino também se refere à prática de receber a Sagrada Comunhão apenas na língua. Ele afirma que tocar o corpo do Senhor é adequada apenas para o sacerdote ordenado .

Portanto, por vários motivos , entre os quais o Doutor Angélico cita o respeito pelo sacramento , ele escreve: " . . . fora de reverência para com este Sacramento , nada toca, mas o que é consagrado , daí o corporal eo cálice são consagrados , e da mesma forma as mãos do sacerdote , para tocar este Sacramento . Por isso, não é lícito a ninguém para tocá-lo , exceto por necessidade , por exemplo, se fosse para cair no chão , ou então em algum outro caso de urgência " ( Summa Theologiae , III , 82, 3).

Ao longo dos séculos, a Igreja sempre caracterizou o momento da Sagrada Comunhão com sacralidade e o maior respeito , obrigando-se constantemente para desenvolver o melhor de sua capacidade sinais externos que promovam a compreensão desse grande mistério sacramental . Em seu amor e solicitude pastoral da Igreja tem a certeza que os fiéis receber a Sagrada Comunhão com as disposições interiores corretas , entre as quais destaca-se disposições a necessidade de os fiéis a compreender e considerar interiormente a Presença Real de Aquele que eles estão a receber . (Veja o Catecismo do Papa Pio X , n. 628 e 636) . A Igreja ocidental estabeleceu ajoelhado como um dos sinais de devoção apropriado comungantes . Um ditado célebre de Santo Agostinho , citado pelo Papa Bento XVI no n . 66 de sua Encíclica Sacramentum Caritatis , ( "Sacramento de Amor " ) , ensina: "Ninguém come desta Carne sem primeiro adorá -lo , devemos pecar se não a adorá-lo " ( Enarrationes in Psalmos 98, 9). Ajuelhando indica e promove a adoração necessário antes de receber o Cristo Eucarístico .

A partir desta perspectiva , o então cardeal Ratzinger assegurou que : "A comunhão só atinge a sua verdadeira profundidade quando é apoiada e rodeado de adoração " [ O Espírito da Liturgia ( Ignatius Press , 2000) , p. 90 ] . Por esta razão , o cardeal Ratzinger afirmou que "a prática de se ajoelhar para a Santa Comunhão tem em seu favor uma tradição secular , e é um sinal particularmente expressivo de adoração, completamente apropriado , à luz da verdadeira presença real e substancial de Nosso Senhor Jesus Cristo sob as espécies consagradas " [citado na Carta" Esta Congregação " da Congregação para o Culto Divino ea Disciplina dos Sacramentos , 1 de 1 de julho de 2002 ] .

João Paulo II, em sua última Encíclica Ecclesia de Eucharistia ( "A Igreja vem da Eucaristia " ) , escreveu no n . 61: " Ao dar a Eucaristia o destaque que merece, e por ser cuidadosos para não diminuir qualquer de suas dimensões ou exigências , vamos mostrar que somos verdadeiramente conscientes da grandeza deste dom . Somos instados a fazê-lo por uma tradição ininterrupta , que desde os primeiros séculos em que mostra a comunidade cristã vigilante na defesa deste "tesouro ". Inspirado pelo amor , a Igreja preocupa-se para as futuras gerações de cristãos , sem perda , sua fé e ensino no que diz respeito ao mistério da Eucaristia. Não pode haver nenhum perigo de exagerar no cuidado para este mistério , pois ' neste sacramento , se condensa todo o mistério da nossa salvação . "

Em continuidade com o ensinamento de seu antecessor , começando com a Solenidade de Corpus Christi no ano de 2008 , o Santo Padre , Bento XVI, começou a distribuir aos fiéis o Corpo do Senhor , colocando-o diretamente sobre a língua dos fiéis que eles permaneçam de joelhos .

(tirado do texto em inglês 'Comunhão recebida na língua e de joelhos' do INSTITUTO de celebrações litúrgicas do Sumo Pontífice)